A opção da casa de planta de piso único, numa parcela com esta natureza, parece-nos obvia, apesar de constituir um caminho que curiosamente nunca tínhamos experimentado em anteriores trabalhos de habitação unifamiliar.

casa do poço

cliente

Jorge Lúcio

localização

Águeda

projecto

2007-2008

arquitectura

Paulo Lousinha

colaboradores

José Miguel Figueiredo, Marco Capela

área

397 m2

estado

licenciamento


ligações

obra

A casa, implanta-se num terreno plano de forma rectangular, em espaço urbano, com área total de 2130 m2, caracterizado por uma envolvente dispersa de habitações unifamiliares com cércea máxima de dois pisos, organizadas ao longo da rua. Está limitado a norte pela Rua da Arrôta Nova, sul e nascente por Maria Clara da Costa Almeida e a poente por caminho público.

A integração do poço no projecto acabou por servir de mote para o desenvolvimento da proposta, compensando a ausência de outras referências territoriais. Assim, a casa desenvolve-se ao longo de um percurso perpendicular à rua, em três volumes paralelos que organizam diferentes pátios e clarificam usos. O conceito “planta de piso único” foi desenvolvido ao extremo, impondo uma cota de piso constante ao nível da rua. Como o terreno apresenta uma pequena pendente no sentido norte/sul e está ligeiramente mais abaixo da cota da rua - aproximadamente 30 cm no ponto de contacto dos acessos - a construção eleva-se do terreno pairando sobre este.

Junto ao acesso, pela rua da Arrôta Nova, fica o volume de anexos, que recebe quem chega, envolve o poço, desenha o alpendre para garagem coberta, constrói a lavandaria, guarda os arrumos e esconde a roupa a secar num pátio sem chão nem tecto. Para assumir o desenho do volume puro, uma grelha metálica faz a ligação ao exterior para o percurso de acesso automóvel e pedonal. O poço receberá um novo revestimento em tijolo de face à vista pintado de branco. Este mesmo material lança a galeria de 12 metros completamente aberta a nascente de acesso à casa.

O segundo volume acolhe o programa social da casa com uma sala comum, no lado poente do percurso, servida pela cozinha aberta sobre um pátio a sul e uma instalação sanitária de apoio do lado, a nascente desta corpo. Uma grande lareira organiza o espaço da sala que é completamente envidraçada para o pátio norte e abre para uma grande varanda a sul.

Finalmente o terceiro volume deste conjunto, onde se propõe a localização dos quartos, e de um pequeno escritório. Uma galeria interior, a norte e aberta para outro pátio sobre a varanda da sala, assegura a distribuição de acesso aos quartos. Neste volume, os vãos dos quartos voltados a sul, estão protegidos por portadas exteriores basculantes, em duas folhas, que encerram por completo o volume ou fazem pala de protecção quando abertas. Dois grandes lanternins servem o quarto de casal, um sobre a zona de vestir e outro sobre a banheira da instalação sanitária. O escritório, no extremo nascente deste volume, abre para uma pequena varanda voltada para o mesmo pátio que serve a cozinha.

Duas condicionantes influenciaram o desenho, respeitando a vontade clara expressa pelos donos de obra, um jovem casal: planta de piso único e integração do antigo poço na organização do espaço.