Incluído no âmbito do programa POLIS de Vila Nova de Gaia, o projecto foi desenvolvido seguindo os termos de referência e de acordo com o Plano de Pormenor da Afurada da autoria de Alexandre Alves Costa, Sérgio Fernandez e José Luís Gomes.
A zona de intervenção está localizada a montante da área ocupada pelos antigos aprestos, apresentando uma área de aproximadamente 2100 m2, com uma frente de rio de 300 m e vista privilegiada para a margem da cidade do Porto.
Sendo este um ponto de transição entre elementos naturais fortes, o projecto acaba por “pousar” numa plataforma artificial que redefine toda a nova zona de apoio à actividade piscatória, que para além desta nova infra-estrutura mantém ainda o tradicional estendal e o novo lavadouro (construído em momento anterior). A proposta respeita a nova implantação apresentada pela equipa responsável pelo Plano de Pormenor.
Os aprestos estão divididos em cinco conjuntos, respeitando uma modelação de múltiplos de 2 metros: perpendicularmente ao rio, 3 conjuntos de 32x8 m2; paralelamente ao rio, 1 conjuntos de 24x2 m2 e outro de 24x4 m2. A solução encontrada, dá resposta a um levantamento de necessidades previstas pelos pescadores, criando uma oferta total de 44 arrumos, com a seguinte quantificação: 16 arrumos de 2x2 m2; 6 arrumos de 4x2 m2; 2 arrumos de 4x4 m2; 16 arrumos de 8x4 m2 e 4 de 8x8 m2. Prevê-se ainda área para mais um conjunto perpendicular ao rio, a montante, para futura expansão.
Cada bloco de aprestos deixa ler a sua estrutura em perfis de ferro, sugerindo que as caixas de madeira e policarbonato foram colocadas como gavetas. A textura matizada destas caixas vive da combinação de 2 materiais, madeira e policarbonato, que expressam respectivamente as funções de abrigo e iluminação natural.
2005/2007
GAIAPOLIS S.A.
Paulo Lousinha com Carla Tomás, Henrique Cunha, Iva Lemos, José Miguel Figueiredo, Marco Capela, Pedro Pimentel e Raquel Ramalheira.
940 m2
Luís Ferreira Alves
* Obra seleccionada para a Trienal de Arquitectura de Lisboa 2007.
Cada bloco de aprestos deixa ler a sua estrutura em perfis de ferro, sugerindo que as caixas de madeira e policarbonato foram colocadas como gavetas. A textura matizada destas caixas vive da combinação de 2 materiais, madeira e policarbonato, que expressam respectivamente as funções de abrigo e iluminação natural. Esta pele, nunca reproduz um padrão, contrariando assim a repetição formal dos aprestos.
A cota baixa a que o conjunto se implanta bem como a sua pequena volumetria levaram-nos a encarar a cobertura, com grande exposição, como mais uma fachada, a que gostamos de chamar “quinta” fachada. Aqui voltamos a utilizar dois materiais - zinco e policarbonato - que novamente respeitam as funções de abrigo e iluminação natural. E também aqui não se repete o padrão do desenho dos lanternins.
Esta escolha de materiais apresenta ainda a vantagem de utilizarmos um sistema construtivo de “junta seca”. A estrutura resistente de ferro foi executada em oficina e montada em obra. Os painéis de revestimento de fachada foram igualmente ser realizados em carpintaria, chegando ao estaleiro de obra prontos a montar. A mesma filosofia foi aplicada à cobertura.
Os arrumos são servidos por uma porta basculante de projecção para o exterior, em duas folhas. Uma folha garante a necessária rampa para vencer o desnível de 15 cm; a outra para além da abertura de acesso, funciona como uma pala de protecção solar, aumentando a zona de abrigo e a vivência do espaço de trabalho. Tanto o sistema de abertura como os módulos opacos de fachada foram testados em protótipo para validação dos detalhes.