Neste loteamento em Matosinhos, no limite com a Maia e muito próximo de Leça do Balio, restava construir o lote 10 desta urbanização na Ponte da Pedra.
Ocupando o lote 10 de um loteamento de 2002, a mancha de implantação e a volumetria já se encontravam previamente definidas para este conjunto de habitação colectiva.
Relativamente à linguagem, definiram-se três momentos distintos: o envasamento, o corpo e o remate. O contacto do edifício com o terreno faz-se em betão aparente. Para evidenciar o piso térreo, um painel fenólico de alta densidade protege as zonas de impacto e confere “peso” à base da construção. O corpo principal destaca as lajes em betão aparente com uma testada alinhada às fachadas de acesso, que se projecta em varandas corridas nas duas fachadas opostas.
2019/2024
Acfimo Imobiliária S.A.
Paulo Lousinha com José Miguel Figueiredo, Rafael Sangareau, Francisco Pinhal, Ana Mota Pinto e Sevgi Sanli
10256 m2
Ivo Tavares Studio
Esta solução — varandas e revestimento complanar em faces opostas — sugere quase dois edifícios, mantendo porém a unidade do conjunto. A dicotomia reforça-se: num dos lados as varandas projectam-se para além da linha de implantação; no outro, formam-se por subtracção de massa, criando ocos na fachada. No remate, um piso parcialmente recuado coroa o edifício e desenha terraços envoltos por floreiras que, além de servirem de guarda-corpos, aumentam a privacidade, contribuem para o controlo térmico e da qualidade do ar e promovem a biodiversidade. A preocupação com o desempenho energético manifesta-se na espessura do isolamento térmico aplicado pelo exterior — 8 cm nas paredes e 12 cm na cobertura — e na utilização de blocos de alvenaria especiais para maximizar a inércia térmica. Para facilitar a instalação e a manutenção, todos os apartamentos dispõem de um compartimento junto à fachada destinado às bombas de calor do sistema de águas quentes sanitárias.
No programa, os 70 fogos distribuem-se por sete pisos acima do solo, em dois blocos que, embora formalmente unidos e apoiados por dois pisos de cave comuns para estacionamento automóvel, apresentam circulações verticais e distribuição horizontal independentes. Esta separação fica legível na planta do rés-do-chão pela linha que liga os dois acessos.
No primeiro piso acima do solo, além de nove apartamentos, localizam-se a sala de condomínio e o compartimento obrigatório de resíduos sólidos urbanos (RSU). Priorizando o conforto dos utilizadores, garante-se acesso interior a estes espaços. Nos cinco pisos seguintes, as onze tipologias por piso variam entre T1 e T3. No último piso, apenas seis fogos ocupam o nível, duas das quais usufruem de amplos terraços descobertos. De uso exclusivamente habitacional, todas as fracções oferecem condições pensadas tanto para habitação própria como para arrendamento de longa duração, atraindo o investimento de pequenos aforradores. O desenho das tipologias organiza os fogos em duas zonas distintas: a área privada, onde todos os quartos dispõem de instalação sanitária própria, e a zona social, que integra sala e cozinha num espaço aberto, convidando à socialização diária da família e, ocasionalmente, de amigos.
Para além das duas comunicações verticais de acesso a cada bloco de apartamentos, existem também duas entradas pedonais, localizadas em fachadas opostas. O acesso automóvel faz-se por uma única rampa que serve os dois níveis de estacionamento, dispondo de 72 lugares de aparcamento e 70 pequenas unidades de arrumos, atribuídas a cada uma das frações